Mintzberg (2000)
afirma que: “somos os cegos e a formulação da estratégia é o nosso elefante”.
No geral não temos visão para enxergar tudo. E para que haja essa compreensão,
é necessário entender as partes. Com isso, há freqüentes guerras tecnológicas
em que os adversários prosseguem desconhecendo a interpretação dos demais. E
assim, discutem sobre um Elefante desconhecido por todos.
Classificação
relevante que marcou o campo tanto no nível gerencial como no nível acadêmico foi à organização do pensamento estratégico em dez
escolas feita por Mintzberg, Ahstrand e Lampel
(2000). Essas diferentes abordagens, embora muitas vezes com muitos pontos em comum, permitem vislumbrar, além do alcance do
conceito de estratégia, a diversidade de
interpretações com as quais se podem contar para se entender o processo estratégico. No Quadro 1, abaixo descrito a definição de
forma sucinta das dez escolas de pensamento e a formulação de estratégia.
NOME
DA ESCOLA
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FORMULAÇÃO
DA ESTRATÉGIA
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Escola de Design
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Escola de Planejamento
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Escola de Posicionamento
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Escola Empreendedora
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Formulação da estratégia como um
processo visionário
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Escola Cognitiva
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Formulação da estratégia como um
processo mental
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Escola de Aprendizagem
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Escola do Poder
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Formulação da estratégia como um
processo de negociação
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Escola Cultural
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Formulação da estratégia como um
processo coletivo
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Escola Ambiental
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Escola Configuração
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Fonte: Adaptado de Mintzberg (2000).
Maximiano (2004) acrescenta
que o ambiente externo é complexo, e dependendo do tipo de organização, têm-se
algum controle de muitas variáveis. Entretanto, outras são incontroláveis. Seja
qual for o caso, a organização deve procurar acompanhar as tendências dos
segmentos relevantes para a formulação de suas estratégias. O autor descreve de
forma sucinta os conceitos de estratégias segundo outros autores, apresentadas
no Quadro 2.
AUTOR
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PALAVRAS – CHAVES
|
Mintzberg
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Futuro
– Decisão – Resultados – Programação
|
Ansoff
|
Negócio
atual – Tendências – Decisão – Concorrência – Produtos e Serviços
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Pascale
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Seleção
de Oportunidades – Produtos e Serviços – Investimentos de Recursos –
Objetivos
|
Chandler
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Metas
e Objetivos de longo prazo – Cursos e Ação – Alocação de recursos
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Hampton
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Vantagem da empresa em relação a desafios do ambiente
adaptação da empresa ao ambiente
|
Fonte:
Maximiano (2004).
A definição de uma estratégia permite que uma empresa consiga, de certa
forma, controlar o futuro, isto porque planejar pode ajudar a decidir. Conforme
Henry Mintzberg (2000), o planejamento estratégico se trata de um procedimento
formal que tem por objetivo produzir um resultado articulado sob a forma de um
sistema integrado de decisões. Para além de permitir certo controle sobre o
futuro, ou pelo menos assegurar que este seja tido em consideração, o
planejamento permite a empresa coordenar suas atividades de maneira mais
“racional”, pois a elaboração da estratégia força uma reflexão profunda dos
objetivos a serem seguidos.
Sendo assim a adoção de uma estratégia revela-se essencial pela análise
das suas características principais, e ao mesmo tempo em que se elabora uma
estratégia, deve-se levar em consideração as potenciais dificuldades que podem
surgir na sua implementação. A evolução da gestão obedece a princípios
diferentes, porque é motivada por idéias e práticas com origem em fontes
qualitativamente diferentes.
Segundo Cabral (1998), por sua abrangência, o conceito de estratégia
apresenta um paradoxo, pois exige a integração de uma série de teorias e
enfoques, o que impede o completo registro de seus conceitos e abordagens.
Dependendo do contexto no qual é empregada, a estratégia pode ter o significado
de políticas, objetivos, táticas, metas, programas, entre outros, numa
tentativa de exprimir os conceitos necessários para defini-la (MINTZBERG
& QUINN,
1991).
Segundo Wittington (2006), a falta de
concordância entre consultores, executivos
e teóricos só eleva a dificuldade de compreender a dinâmica organizacional, pois considera o autor que seja pouco
provável definir práticas estratégicas mais
eficientes se não se tem consenso ou consciência clara sobre o que é
estratégia.
Mintzberg (2000)
comenta sobre estratégia, e utiliza a fábula do encontro de cinco cegos com um
elefante. Todos apalparam o animal e no final cada um estava com uma impressão
diferente do que é a realidade de um elefante. Para o autor, grandes gestores
são assim, todos discutem o mesmo assunto, algumas vezes estão corretos, e
tambem todos estão errados por discutirem sobre um elefante que nenhum deles
conseguiu visualizar.
Para
Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000), mesmo diante da vasta rede de definições e de conotações para esse
conceito, algumas parecem se apresentar com
maior freqüência no vocabulário gerencial em virtude de originarem-se de
correntes teóricas mais influentes no campo.
Nessa
perspectiva, percebe-se que tudo é relativo e altamente inter-relacionado,
sendo assim, podemos dizer que as estratégias utilizadas por determinada organização depende de fatores relevantes como o seu
tamanho, seus concorrentes, sua capacitação
tecnológica, e assim por diante. Portanto, os comportamentos são direcionados pelas
diferentes configurações contextuais, o que amplia a
diversidade de concepções de estratégia a assumir.
Nesse cenário, a
Administração Estratégica (AE) teve uma constituição tardia em relação a outras
disciplinas tradicionais do Conhecimento Administrativo. Surgiu como uma
disciplina híbrida, sofrendo influências da sociologia e da economia, é,
essencialmente, uma evolução das teorias das organizações (VASCONCELOS 2001).
Maximiano (2000) define
administração estratégica como sendo “o processo que compreende planejamento,
implementação e controle da execução da estratégia”. O autor afirma, também,
que as estratégias são implementadas para atingir objetivos estratégicos, sejam
eles para recuperar uma empresa em má situação, manter um bom desempenho, alcançar
um novo patamar de resultados, crescer ou manter-se no mercado.
De acordo
com Certo (2004), as estratégias empresariais são formuladas pela alta administração e projetadas para alcançar os objetivos
globais da empresa. Essas estratégias devem
ser selecionadas e desenvolvidas. A empresa deve definir a estratégia que irá
adotar, de acordo com seus objetivos.
Para Meirelles e Gonçalves
(2001), a Administração Estratégica (AE) emergiu como uma parte do planejamento
estratégico, que atualmente é considerado um dos seus principais instrumentos.
A Administração Estratégica surgiu assim, como uma das etapas do planejamento –
a de seleção de caminhos a ser trilhados a partir da identificação dos pontos
fortes e fracos da organização e das ameaças e oportunidades diagnosticadas em
seu ambiente de atuação.
Segundo os autores (2001), como
uma evolução do planejamento estratégico, a gestão estratégica surgiu com um
corpo teórico mais amplo, com a “comunicação de uma visão estratégica global da
empresa para os diversos níveis funcionais, com o objetivo de que as
iniciativas da empresa sejam coerentes com a diretriz geral”.
Segundo Certo e Peter (1993), a
Administração Estratégica (AE) teve suas origens nos cursos de política de
negócios (business policy) dos anos 50, patrocinados pela Ford Foundation
e pela Cornegie Corporation, que incentivaram as escolas a inserir em seus
currículos uma disciplina mais ampla, chamada de política de negócios.
Paralelamente a isso, são muitas as classificações e visões sobre as origens,
influências, constituição e sua evolução, defendidas por vários autores.
Apesar da constituição tardia, a Administração
Estratégica (AE) apresentou um rápido desenvolvimento, tanto teórico como de
modelos práticos, haja vista a grande quantidade de modelos de análise de
mercado que surgiram a partir dos anos 60, com destaque para a Matriz BCG do
Boston Consulting Group, o Modelo SWOT (Strength, Weakness, Opportunity,
Threat), a Curva de Experiência e a Análise de Portfólio, além de vários
conceitos como o de análise econômica de estrutura, conduta e performance,
competência distintiva, competências essenciais, e os chamados sistemas de
planejamento estratégico (VASCONCELOS 2001).
Já Cabral (1998) vê a evolução da Administração Estratégica (AE) a
partir dos três estilos de estratégia que prevaleceram nos últimos 30 anos:
estilo de planejamento (anos 70), no qual a previsibilidade do futuro
baseava-se na análise do provável; estilo de visão (anos 80), no qual a
imprevisibilidade do futuro baseava-se na imaginação do possível; e estilo de
aprendizagem (anos 90), no qual o futuro passou a ser mapeado e enfrentado por
meio da compreensão do momento atual.
O caráter dinâmico e mutável da Administração Estratégica (AE) poder ser
explicado pela diversidade interna de conceitos, a partir dos quais ela
evoluiu. Esses conceitos formam um conjunto de teorias de diversos campos do
conhecimento humano: Teoria da Evolução e da Revolução de Darwin; Adaptação e
Extinção/Criação de Schumpeter; Teoria da Organização Industrial: forças
setoriais implícitas (evolução implícita); Teorias Econômicas: proteções
legais, diferenciação temporária, status competitivo; Teoria da
Contingência: proatividade, forças ambientais associadas a ações estratégicas;
Teoria Baseada em Recursos Únicos como variáveis-chave (Wright, Kroll e Parnell,
2000). Atualmente pode-se dizer que a AE caminha para a constituição mais
elaborada e talvez fechada de uma disciplina independente, até mesmo da
Administração.
A Administração Estratégica é, atualmente, uma das disciplinas do campo
da administração de maior destaque e relevância, pela produção científica e
também pelo número de consultorias organizacionais. Qualquer organização,
conscientemente ou não, adota uma estratégia, considerando-se que a não adoção
deliberada de estratégia por uma organização pode ser entendida como uma
estratégia.
A partir do modelo de tomada de decisões estratégicas elaborado por Ansoff
(1977) – um dos precursores do pensamento estratégico –, reproduzido na Figura 1, a Administração Estratégica
evoluiu para um modelo mais amplo, como o proposto por Wright, Kroll e Parnell
(2000), o qual é baseado em uma série de passos inter-relacionados, de forma
que uma mudança em algum estágio do processo pode afetar os demais. Esses
passos estão descritos na Figura 1.
Formulação de objetivos e escolhas de
metas
|
Escolha entre estratégias de expansão e
estratégias de diversificação
|
Avaliação interna da empresa e avaliação
das oportunidades externas
|
Decisão de diversificar ou não
|
Definição dos componentes da estratégia
|
Fonte: Adaptado de Ansoff (1977).
Na Figura 2, percebe-se a evolução na
aplicação das estratégias, que lembra o ciclo PDCA (Planejar, Fazer, Checar e
Agir), ou seja, a forma simples de planejar as ações para o futuro e
implementar mudanças.
Análise de oportunidades e ameaças ou
limitações que existam no ambientes externo à organização
|
Análise dos pontos fortes e fracos do
ambiente interno à organização
|
Definição da missão e dos objetivos
gerais da organização
|
Formulação das estratégias de âmbito
corporativo, unidade de negócios e funcional, que permitam à organização
combinar seus pontos fortes e fracos com as oportunidades e ameaças do
ambiente
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Implantação das estratégias
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Controle estratégico visando a assegurar
o alcance dos objetivos organizacionais
|
Fonte:
Adaptado de Wright, Kroll e Parnell (2000).
Dessa
forma, pode-se argumentar que as estratégias utilizadas por determinadas organizações depende de fatores relevantes como o seu
tamanho, seus concorrentes, sua capacitação
tecnológica, e assim por diante. Portanto, os comportamentos são direcionados
pelas diferentes configurações contextuais, o
que amplia a diversidade de concepções de estratégia a assumir.
A administração estratégia
começa com uma visão de futuro para a empresa, e implica a definição clara de
seu campo de atuação, na habilidade de previsão de possíveis reações
empreendidas e no direcionamento que a levará ao crescimento. A definição de
objetivos, em si, não implica uma estratégia. Os objetivos representam os fins
que deseja alcançar, enquanto a estratégia é o meio para alcançar esses fins.
Mintzberg (2000) diz que a essência da formulação da estratégia é lidar
com a concorrência. O poder coletivo dessas forças determina o papel de lucro
final de uma indústria. Sejam quais forem suas forças coletivas, a meta do
estrategista empresarial é encontrar uma posição na indústria em que sua
empresa pode melhor se defender dessa forças ou influenciá-las em seu favor.
Com
relação ao desenvolvimento da estratégia, é fundamental o estabelecimento de um plano, este se formaliza em um processo que ocorre através
de uma série de etapas seqüenciais, racionais,
analíticas e envolve um conjunto de critérios objetivos baseados na
racionalidade econômica, para auxiliar os
gestores na análise das alternativas estratégicas e tomadas de decisão.
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