segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Escolas de Formulação de Estratégia


Mintzberg (2000) afirma que: “somos os cegos e a formulação da estratégia é o nosso elefante”. No geral não temos visão para enxergar tudo. E para que haja essa compreensão, é necessário entender as partes. Com isso, há freqüentes guerras tecnológicas em que os adversários prosseguem desconhecendo a interpretação dos demais. E assim, discutem sobre um Elefante desconhecido por todos.
Classificação relevante que marcou o campo tanto no nível gerencial como no nível acadêmico foi à organização do pensamento estratégico em dez escolas feita por Mintzberg, Ahstrand e Lampel (2000). Essas diferentes abordagens, embora muitas vezes com muitos pontos em comum, permitem vislumbrar, além do alcance do conceito de estratégia, a diversidade de interpretações com as quais se podem contar para se entender o processo estratégico. No Quadro 1, abaixo descrito a definição de forma sucinta das dez escolas de pensamento e a formulação de estratégia.


NOME DA ESCOLA
FORMULAÇÃO DA ESTRATÉGIA
Escola de Design
Formulação de estratégia como um processo de concepção
Escola de Planejamento
PRESCRITIVA
Formulação de estratégia como um processo formal
Escola de Posicionamento
Formulação de estratégia como um processo analítico
Escola Empreendedora
Formulação da estratégia como um processo visionário
Escola Cognitiva
Formulação da estratégia como um processo mental
Escola de Aprendizagem
DESCRITIVA
Formulação da estratégia como um processo emergente
Escola do Poder
Formulação da estratégia como um processo de negociação
Escola Cultural
Formulação da estratégia como um processo coletivo
Escola Ambiental
Formulação da estratégia como um processo reativo
Escola Configuração
INTEGRATIVA
Formulação da estratégia como um processo transformação
QUADRO 1Escolas de Pensamento sobre a Formulação de Estratégias
Fonte: Adaptado de Mintzberg (2000).






Maximiano (2004) acrescenta que o ambiente externo é complexo, e dependendo do tipo de organização, têm-se algum controle de muitas variáveis. Entretanto, outras são incontroláveis. Seja qual for o caso, a organização deve procurar acompanhar as tendências dos segmentos relevantes para a formulação de suas estratégias. O autor descreve de forma sucinta os conceitos de estratégias segundo outros autores, apresentadas no Quadro 2.

AUTOR
PALAVRAS – CHAVES
Mintzberg
Futuro – Decisão – Resultados – Programação
Ansoff 
Negócio atual – Tendências – Decisão – Concorrência – Produtos e Serviços
Pascale
Seleção de Oportunidades – Produtos e Serviços – Investimentos de Recursos – Objetivos
Chandler
Metas e Objetivos de longo prazo – Cursos e Ação – Alocação de recursos
Hampton
Vantagem da empresa em relação a desafios do ambiente adaptação da empresa ao ambiente
QUADRO 2Definição de Estratégia por Diversos Autores
Fonte: Maximiano (2004).

A definição de uma estratégia permite que uma empresa consiga, de certa forma, controlar o futuro, isto porque planejar pode ajudar a decidir. Conforme Henry Mintzberg (2000), o planejamento estratégico se trata de um procedimento formal que tem por objetivo produzir um resultado articulado sob a forma de um sistema integrado de decisões. Para além de permitir certo controle sobre o futuro, ou pelo menos assegurar que este seja tido em consideração, o planejamento permite a empresa coordenar suas atividades de maneira mais “racional”, pois a elaboração da estratégia força uma reflexão profunda dos objetivos a serem seguidos.
Sendo assim a adoção de uma estratégia revela-se essencial pela análise das suas características principais, e ao mesmo tempo em que se elabora uma estratégia, deve-se levar em consideração as potenciais dificuldades que podem surgir na sua implementação. A evolução da gestão obedece a princípios diferentes, porque é motivada por idéias e práticas com origem em fontes qualitativamente diferentes.
Segundo Cabral (1998), por sua abrangência, o conceito de estratégia apresenta um paradoxo, pois exige a integração de uma série de teorias e enfoques, o que impede o completo registro de seus conceitos e abordagens. Dependendo do contexto no qual é empregada, a estratégia pode ter o significado de políticas, objetivos, táticas, metas, programas, entre outros, numa tentativa de exprimir os conceitos necessários para defini-la (MINTZBERG & QUINN, 1991).
Segundo Wittington (2006), a falta de concordância entre consultores, executivos e teóricos só eleva a dificuldade de compreender a dinâmica organizacional, pois considera o autor que seja pouco provável definir práticas estratégicas mais eficientes se não se tem consenso ou consciência clara sobre o que é estratégia.
Mintzberg (2000) comenta sobre estratégia, e utiliza a fábula do encontro de cinco cegos com um elefante. Todos apalparam o animal e no final cada um estava com uma impressão diferente do que é a realidade de um elefante. Para o autor, grandes gestores são assim, todos discutem o mesmo assunto, algumas vezes estão corretos, e tambem todos estão errados por discutirem sobre um elefante que nenhum deles conseguiu visualizar.
Para Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000), mesmo diante da vasta rede de definições e de conotações para esse conceito, algumas parecem se apresentar com maior freqüência no vocabulário gerencial em virtude de originarem-se de correntes teóricas mais influentes no campo.
Nessa perspectiva, percebe-se que tudo é relativo e altamente inter-relacionado, sendo assim, podemos dizer que as estratégias utilizadas por determinada organização depende de fatores relevantes como o seu tamanho, seus concorrentes, sua capacitação tecnológica, e assim por diante. Portanto, os comportamentos são direcionados pelas diferentes configurações contextuais, o que amplia a diversidade de concepções de estratégia a assumir.
Nesse cenário, a Administração Estratégica (AE) teve uma constituição tardia em relação a outras disciplinas tradicionais do Conhecimento Administrativo. Surgiu como uma disciplina híbrida, sofrendo influências da sociologia e da economia, é, essencialmente, uma evolução das teorias das organizações (VASCONCELOS 2001).
Maximiano (2000) define administração estratégica como sendo “o processo que compreende planejamento, implementação e controle da execução da estratégia”. O autor afirma, também, que as estratégias são implementadas para atingir objetivos estratégicos, sejam eles para recuperar uma empresa em má situação, manter um bom desempenho, alcançar um novo patamar de resultados, crescer ou manter-se no mercado.
De acordo com Certo (2004), as estratégias empresariais são formuladas pela alta administração e projetadas para alcançar os objetivos globais da empresa. Essas estratégias devem ser selecionadas e desenvolvidas. A empresa deve definir a estratégia que irá adotar, de acordo com seus objetivos.
Para Meirelles e Gonçalves (2001), a Administração Estratégica (AE) emergiu como uma parte do planejamento estratégico, que atualmente é considerado um dos seus principais instrumentos. A Administração Estratégica surgiu assim, como uma das etapas do planejamento – a de seleção de caminhos a ser trilhados a partir da identificação dos pontos fortes e fracos da organização e das ameaças e oportunidades diagnosticadas em seu ambiente de atuação.
Segundo os autores (2001), como uma evolução do planejamento estratégico, a gestão estratégica surgiu com um corpo teórico mais amplo, com a “comunicação de uma visão estratégica global da empresa para os diversos níveis funcionais, com o objetivo de que as iniciativas da empresa sejam coerentes com a diretriz geral”.
Segundo Certo e Peter (1993), a Administração Estratégica (AE) teve suas origens nos cursos de política de negócios (business policy) dos anos 50, patrocinados pela Ford Foundation e pela Cornegie Corporation, que incentivaram as escolas a inserir em seus currículos uma disciplina mais ampla, chamada de política de negócios. Paralelamente a isso, são muitas as classificações e visões sobre as origens, influências, constituição e sua evolução, defendidas por vários autores.
Apesar da constituição tardia, a Administração Estratégica (AE) apresentou um rápido desenvolvimento, tanto teórico como de modelos práticos, haja vista a grande quantidade de modelos de análise de mercado que surgiram a partir dos anos 60, com destaque para a Matriz BCG do Boston Consulting Group, o Modelo SWOT (Strength, Weakness, Opportunity, Threat), a Curva de Experiência e a Análise de Portfólio, além de vários conceitos como o de análise econômica de estrutura, conduta e performance, competência distintiva, competências essenciais, e os chamados sistemas de planejamento estratégico (VASCONCELOS 2001).
Já Cabral (1998) vê a evolução da Administração Estratégica (AE) a partir dos três estilos de estratégia que prevaleceram nos últimos 30 anos: estilo de planejamento (anos 70), no qual a previsibilidade do futuro baseava-se na análise do provável; estilo de visão (anos 80), no qual a imprevisibilidade do futuro baseava-se na imaginação do possível; e estilo de aprendizagem (anos 90), no qual o futuro passou a ser mapeado e enfrentado por meio da compreensão do momento atual.
O caráter dinâmico e mutável da Administração Estratégica (AE) poder ser explicado pela diversidade interna de conceitos, a partir dos quais ela evoluiu. Esses conceitos formam um conjunto de teorias de diversos campos do conhecimento humano: Teoria da Evolução e da Revolução de Darwin; Adaptação e Extinção/Criação de Schumpeter; Teoria da Organização Industrial: forças setoriais implícitas (evolução implícita); Teorias Econômicas: proteções legais, diferenciação temporária, status competitivo; Teoria da Contingência: proatividade, forças ambientais associadas a ações estratégicas; Teoria Baseada em Recursos Únicos como variáveis-chave (Wright, Kroll e Parnell, 2000). Atualmente pode-se dizer que a AE caminha para a constituição mais elaborada e talvez fechada de uma disciplina independente, até mesmo da Administração.
A Administração Estratégica é, atualmente, uma das disciplinas do campo da administração de maior destaque e relevância, pela produção científica e também pelo número de consultorias organizacionais. Qualquer organização, conscientemente ou não, adota uma estratégia, considerando-se que a não adoção deliberada de estratégia por uma organização pode ser entendida como uma estratégia.
A partir do modelo de tomada de decisões estratégicas elaborado por Ansoff (1977) – um dos precursores do pensamento estratégico –, reproduzido na Figura 1, a Administração Estratégica evoluiu para um modelo mais amplo, como o proposto por Wright, Kroll e Parnell (2000), o qual é baseado em uma série de passos inter-relacionados, de forma que uma mudança em algum estágio do processo pode afetar os demais. Esses passos estão descritos na Figura 1.

Formulação de objetivos e escolhas de metas
Escolha entre estratégias de expansão e estratégias de diversificação
Avaliação interna da empresa e avaliação das oportunidades externas                
Decisão de diversificar ou não
Definição dos componentes da estratégia
 




FIGURA 1Modelo de Tomada de Decisões Estratégicas segundo Ansoff
Fonte: Adaptado de Ansoff (1977).


Na Figura 2, percebe-se a evolução na aplicação das estratégias, que lembra o ciclo PDCA (Planejar, Fazer, Checar e Agir), ou seja, a forma simples de planejar as ações para o futuro e implementar mudanças.


Análise de oportunidades e ameaças ou limitações que existam no ambientes externo à organização
Análise dos pontos fortes e fracos do ambiente interno à organização
Definição da missão e dos objetivos gerais da organização
Formulação das estratégias de âmbito corporativo, unidade de negócios e funcional, que permitam à organização combinar seus pontos fortes e fracos com as oportunidades e ameaças do ambiente 
Implantação das estratégias
Controle estratégico visando a assegurar o alcance dos objetivos organizacionais
 













FIGURA 2Modelo de Tomada de Decisões Estratégicas
Fonte: Adaptado de Wright, Kroll e Parnell (2000).


Dessa forma, pode-se argumentar que as estratégias utilizadas por determinadas organizações depende de fatores relevantes como o seu tamanho, seus concorrentes, sua capacitação tecnológica, e assim por diante. Portanto, os comportamentos são direcionados pelas diferentes configurações contextuais, o que amplia a diversidade de concepções de estratégia a assumir.
A administração estratégia começa com uma visão de futuro para a empresa, e implica a definição clara de seu campo de atuação, na habilidade de previsão de possíveis reações empreendidas e no direcionamento que a levará ao crescimento. A definição de objetivos, em si, não implica uma estratégia. Os objetivos representam os fins que deseja alcançar, enquanto a estratégia é o meio para alcançar esses fins.
Mintzberg (2000) diz que a essência da formulação da estratégia é lidar com a concorrência. O poder coletivo dessas forças determina o papel de lucro final de uma indústria. Sejam quais forem suas forças coletivas, a meta do estrategista empresarial é encontrar uma posição na indústria em que sua empresa pode melhor se defender dessa forças ou influenciá-las em seu favor.
Com relação ao desenvolvimento da estratégia, é fundamental o estabelecimento de um plano, este se formaliza em um processo que ocorre através de uma série de etapas seqüenciais, racionais, analíticas e envolve um conjunto de critérios objetivos baseados na racionalidade econômica, para auxiliar os gestores na análise das alternativas estratégicas e tomadas de decisão.

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