Para obter vantagem competitiva e superar com sucesso seus concorrentes,
nas disputas do mercado, Porter (1986) propôs três tipos de estratégias
competitivas genéricas a serem adotadas pelas empresas: (i) Liderança em custo
total (ii) Diferenciação e (iii) Enfoque. As empresas, de uma determinada
indústria, com melhor desempenho são aquelas que aplicam uma das três
estratégias genéricas. A escolha de uma dessas estratégias é influenciada pela
indústria ou setor a que a empresa pertence.
Para Porter (1986) é necessário optar por uma das estratégias, sob pena
da empresa ficar sem posicionamento, e em uma situação estratégica extremamente
pobre. “À empresa que se fixou no meio-termo é quase garantida uma baixa
rentabilidade” (PORTER, 1986).
Porter argumenta que o meio-termo não se trata de uma estratégia
genérica, mas sim de uma posição muito desconfortável da empresa se situar
entre uma e outra estratégia genérica. Ocorre quando a empresa fracassa ao
desenvolver sua estratégia em uma das três direções apresentadas – liderança no
custo total, diferenciação ou enfoque. A empresa que está no meio-termo, na
grande maioria das vezes, apresenta uma baixa rentabilidade, pois ela não
consegue oferecer a diferenciação ou o enfoque de alguns concorrentes e assim
poder cobrar preços mais altos (ganho na margem), nem a posição de baixo custo
que possa permitir a venda de grandes volumes (ganho no giro). Abaixo na Figura
5 o esboço da vantagem competitiva segundo Porter e suas definições.
|
|
Vantagem Competitiva
|
||
Escopo
Competitivo
|
|
Baixo Custo
|
Diferenciação
|
|
Alvo Amplo
|
1. Liderança em Custo
|
2. Diferenciação
|
||
Alvo Estreito
|
3.a. Foco em Custo
|
3.b. Foco na Diferenciação
|
||
Fonte: Porter (1989)
a) Liderança em Custo - Obter vantagens competitivas pela oferta de
produtos e serviços (em geral padronizados) a custos mais baixos do que os concorrentes.
Exige a construção agressiva de instalações em escala eficiente, uma
perseguição vigorosa de reduções de custo pela experiência, um controle rígido
do custo e das despesas gerais e a minimização do custo em áreas como P&D,
assistência, força de vendas, publicidade, etc. A posição de baixo custo
proporciona margens altas que podem ser reinventadas em novo equipamento e
instalações mais modernas, de modo a manter a liderança de custo.
b) Diferenciação - Alcançar vantagens pela introdução de um ou mais
elementos de diferenciação nos produtos e serviços, que justifiquem preços mais
elevados. A empresa se diferencia ao longo de várias dimensões. Não permite à
empresa ignorar os custos, mas eles não são alvo estratégico primário. Em
geral, esta estratégia requer um sentimento de exclusividade.
c) Enfoque - Obter vantagens competitivas, ou pela oferta de produtos e
serviços com menores custos, ou pela diferenciação dos mesmos; mas, em um
segmento de mercado mais localizado ou restrito, procura enfocar um determinado
grupo comprador, um segmento da linha de produtos ou um mercado geográfico; assim
como a diferenciação, o enfoque pode assumir diversas formas.
A
escolha, por parte da empresa, de uma estratégia competitiva genérica visa estabelecer uma posição competitiva favorável, lucrativa e
sustentável contra as forças que determinam à
concorrência da indústria. Caso não seja feito um posicionamento claro em
nenhuma dessas estratégias, pode ocorrer um
desempenho inferior, e implica, por conseqüência,
grande risco para a empresa tornar-se meio-termo nas diferentes estratégias.
Contudo, Porter
(1986) frisa que, antes de definir a estratégia genérica, é importante ainda verificar o posicionamento dos concorrentes, fazer uma
detalhada análise estrutural dentro da
indústria e destacar os principais grupos estratégicos e suas dimensões.
Para Porter (1989, p. 22), “a
essência da formulação de uma estratégia competitiva é relacionar uma companhia
ao seu meio ambiente”. Então, para que uma estratégia seja adotada por
determinada empresa, é fundamental o conhecimento dela sobre o seu externo, ou
seja, conhecer os seus rivais, clientes e fornecedores. Dentro deste contexto,
o autor analisa cinco forças responsáveis pelo ambiente em que está inserida a
empresa, em sua grande maioria, dentro de alguma estrutura de mercado de
oligopólios.
Essas
forças seriam capazes de influenciar os preços, os custos (portanto, a
rentabilidade) e os investimentos das empresas, podendo afetar a estrutura
industrial. Assim, a vantagem competitiva, seja de custo, seja de
diferenciação, seria alcançada com o domínio das forças competitivas.
Segundo
Porter (1989) uma indústria deve ser analisada por sua estrutura a qual em
última instância influencia na determinação das regras competitivas. Assim, a
rentabilidade de uma indústria depende ou é função da sua estrutura, e é ela
que estabelece as regras da concorrência, as quais, por sua vez, dependem de
cinco forças competitivas. Na Figura 6 observa-se esquema com as cinco forças e
suas definições.
Ameaça de novos
concorrentes
(Barreira à
entrada)
-
Economia de escala;
-
Diferenciação do produto;
-
Imagem de marca;
-
Necessidades de fundos;
-
Custos de mudanças;
-
Acesso aos canais de distribuições;
-
Know-how (patentes, ...);
-
Acesso favorável a matérias-primas;
-
Curva de experiência;
-
Política de governo;
-
Retaliação esperada.
|
AMEAÇA DE NOVOS
CONCORRENTES
|
Determinantes da
rivalidade
(Crescimento da
indústria)
-
Número de concorrentes;
-
Custos fixos elevados;
-
Reduzida diferenciação;
-
Custos de mudança;
-
Sobrecapacidade intermitente;
-
Diversidade de concorrentes;
-
Importância estratégica de negócio;
-
Barreiras à saída:
·
Ativos específicos;
·
Custos fixos de saída;
·
Relações estratégicas;
·
Barreiras emocionais;
·
Restrições sociais/governamentais.
|
RIVALIDADE NA INDÚSTRIA
|
PODER NEGOCIAL DOS
CLIENTES
|
PODER NEGOCIAL DOS FORNECEDORES
|
AMEAÇA DE NOVOS
PRODUTOS
|
Determinantes do
poder negocial dos clientes
-
Concentração;
-
Volume de compras;
-
Inexistência de diferenciação;
-
Custo de mudança:
·
Reduzidos (p/ clientes);
·
Elevados (p/ empresa).
-
Ameaça de integração a montante;
-
Informações disponíveis (sobre preços, procura etc);
-
Produtos substitutos.
|
Determinantes do
poder negocial dos fornecedores
-
Concentração dos fornecedores;
-
(Inexistência de) produtos substitutos;
-
Diferenciação das entradas;
-
Custos de mudança de fornecedores;
-
Importância do volume do fornecedor;
-
Custo em relação ao total comprado na indústria;
-
Riscos de integração a jusante.
|
Determinantes do
risco de substituição
-
Relação preço/rendimento (desempenho);
-
Custo de mudança;
Propensão
do comprador para aquisição de produtos substitutos.
|
Fonte: Porter (1989)
Em síntese, por não existir uma estratégia definida para todas as
empresas de determinados segmentos, cada empresa necessita determinar a que faz
mais se identifica perante sua posição no setor e seus objetivos, oportunidade,
experiência e recursos. Cada estratégia pode ser bem sucedida, desde que as
circunstâncias sejam adequadas, tendo em consideração as oportunidades e
ameaças.
A percepção e o entendimento da forma com que uma unidade empresarial
relaciona-se em seu ambiente contribuem para a adequação das atividades
empresariais às ameaças e oportunidades proporcionadas pela configuração da
indústria onde ela se insere. A consistência da adequação da unidade
empresarial ao seu ambiente provoca efeitos nos retornos sobre o capital
investido. Quando as oportunidades existentes no mercado não são devidamente
aproveitadas pela empresa, podem converter-se em ameaças em potencial, dado
que, no ambiente externo, há que se considerar a competição existente entre as
empresas (PORTER, 1986).
A essência da estratégia consiste, portanto, em observar como as
empresas buscam competir em seu meio, definindo suas metas, políticas
operacionais de forma geral, bem como por área funcional do negócio.
A formulação da estratégia, a partir do ponto de vista normativo, está
ligada a quatro elementos que inter-relacionados constituem o contexto de
formulação da estratégia (PORTER, 1983). No Quadro 4 abaixo esses elementos são
descritos e definidos por Pagnoncelli e Vasconcellos (1992).
ELEMENTO
|
CARACTERIZAÇÃO
|
Oportunidades
|
Variáveis
externas, atuais e futuras, que se adequadamente aproveitadas pela empresa
tendem a influenciar positivamente seu desempenho.
|
Ameaças
|
Variáveis
externas, atuais e futuras, que não eliminadas, minimizadas ou evitadas,
podem afetar negativamente seu desempenho.
|
Pontos Fortes
|
Características
da empresa, que podem ser potencializadas para otimização de seu desempenho.
|
Pontos Fracos
|
Características da empresa, que podem ser
minimizadas para influência negativa sobre seu desempenho.
|
Fonte: Adaptado de Pagnoncelli e Vasconcelos (1992)
Kotler (2000) afirma que as empresas devem monitorar as forças macro
ambientais (econômico-demográficas, tecnológicas, político-legais e
socioculturais) e os agentes micros ambientais (clientes, concorrentes,
distribuidores, fornecedores) que envolvem e impactam sua capacidade de obter
lucros. Esta análise permite identificar as oportunidades e ameaças dentro da
indústria.
Neste contexto, Kotler (2000) diz que uma oportunidade existe quando,
através dela, uma empresa pode lucrar ao atender às necessidades dos
consumidores de um determinado segmento. Estas oportunidades podem ser
avaliadas e classificadas de acordo com a sua atratividade e a probabilidade de
sucesso.
Kotler (2000) acrescenta ainda que uma ameaça ambiental é representada
por um desafio imposto por uma tendência do mercado ou desenvolvimento
desfavorável que possa deteriorar as vendas ou os lucros de uma empresa, caso
ações não sejam desenvolvidas para combatê-la. As ameaças, por sua vez, podem
ser avaliadas e classificadas de acordo com a gravidade e a probabilidade de
ocorrência.
Uma vez que as oportunidades e ameaças foram mapeadas, é possível
caracterizar a atratividade geral do negócio, representado pela seguinte
caracterização segundo Kotler (2000):
- Negócio
Ideal: apresenta muitas grandes oportunidades e
poucas ameaças importantes.
- Negócio
Especulativo: apresenta grandes oportunidades e ameaças
importantes.
- Negócio
Maduro: tem poucas oportunidades e poucas ameaças.
- Negócio
com Problemas: apresenta poucas oportunidades e muitas
ameaças.
Algumas teorias defendem o conceito que relaciona mais intensamente a
estratégia adotada por uma empresa com os fatores externos de mercado, sendo
ainda estes fatores determinantes do sucesso da empresa em construir uma
vantagem competitiva sustentável. Um dos expoentes deste pensamento é Porter
(1980), que enfatiza a importância do ambiente competitivo na obtenção de uma
rentabilidade superior pela empresa.
Em razão disso, conduz-se a utilização de uma ferramenta capaz de
permitir uma análise específica dos recursos, que compreendem pontos fortes e
pontos fracos, além de ameaças e oportunidades para a organização. Essa
ferramenta é denominada modelo SWOT que segundo Machado (2005) e Wright, kroll
e Parnell (2000), demanda analisar as forças e as fraquezas internas da
empresa, bem como das oportunidades e ameaças que o ambiente oferece: análise
SWOT – “strengths” (forças), “weakness” (fraquezas), “opportunities”, (oportunidades)
e “threats” (ameaças), conforme Figura 7 abaixo.
Fonte: Adaptado Machado (2005)
Para Barney (2001), a análise SWOT funciona apenas como uma ferramenta
organizacional coloca as questões corretas acerca de fatores internos e
externos; deve, no entanto, ser complementada com modelos e teorias que possam
responder as questões colocadas pelo modelo acerca das forças, fraquezas,
oportunidades e ameaças inseridas no ambiente organizacional.
Nenhum comentário:
Postar um comentário