Depois de
criadas as estratégias, o modelo exige sua absorção. "Você consegue
sintetizar a estratégia de sua empresa em 35 palavras ou menos?",
perguntam Collis e Rukstad (2008). A incapacidade de fazê-lo é sinal evidente
de pensamento vago ou de motivos políticos. Um estrategista precisa saber com
certeza para onde quer ir, com poucas dúvidas importantes. Mas as organizações
também lidam com condições de incerteza. Como uma empresa pode enfrentar um
ambiente em mudança quando sua estratégia já é conhecida?
As
organizações precisam funcionar não só com a estratégia, mas também durante os
períodos de sua formulação (MINTZBERG, 2000, p. 47). Para James Brian Quinn,
"é praticamente impossível, para um executivo, orquestrar todas as
decisões internas, todos os eventos ambientais externos, os relacionamentos
comportamentais e de poder, as necessidades técnicas e informativas e ações de oponentes
inteligentes de forma que eles se juntem no momento preciso" (1978:17).
Durante períodos de incerteza, o perigo não está na falta de uma estratégia
explícita, mas no oposto - no "fechamento prematuro".
Além
disso, mesmo quando a incerteza é baixa, os perigos da articulação de
estratégias ainda devem ser reconhecidos. As estratégias explícitas servem para
focar a direção e bloqueiam a visão periférica. Com isso, podem atrapalhar
mudanças de rumo quando estas se tomam necessárias (MINTZBERG, 2000). Assim,
embora os estrategistas estejam seguros agora, não podem estar seguros para
sempre. Quanto mais claramente articulada a estratégia, mais profundamente ela
se internaliza nos hábitos da organização e nas mentes dos seus estrategistas. Evidências
dos laboratórios de psicologia cognitiva sinalizam que a articulação de uma
estratégia - o simples fato de uma pessoa falar a respeito do que irá fazer -
já a fixa, alimentando uma resistência a mudanças posteriores (Kiesler, 1971).
Resumindo: é certo que as estratégias quase sempre precisam ser tornadas
explícitas, para fins de investigação, coordenação e suporte. As perguntas são:
quando, como e quando não?
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