segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Explicitar a Estratégia: promover a inflexibilidade


Depois de criadas as estratégias, o modelo exige sua absorção. "Você consegue sintetizar a estratégia de sua empresa em 35 palavras ou menos?", perguntam Collis e Rukstad (2008). A incapacidade de fazê-lo é sinal evidente de pensamento vago ou de motivos políticos. Um estrategista precisa saber com certeza para onde quer ir, com poucas dúvidas importantes. Mas as organizações também lidam com condições de incerteza. Como uma empresa pode enfrentar um ambiente em mudança quando sua estratégia já é conhecida?
As organizações precisam funcionar não só com a estratégia, mas também durante os períodos de sua formulação (MINTZBERG, 2000, p. 47). Para James Brian Quinn, "é praticamente impossível, para um executivo, orquestrar todas as decisões internas, todos os eventos ambientais externos, os relacionamentos comportamentais e de poder, as necessidades técnicas e informativas e ações de oponentes inteligentes de forma que eles se juntem no momento preciso" (1978:17). Durante períodos de incerteza, o perigo não está na falta de uma estratégia explícita, mas no oposto - no "fechamento prematuro".
Além disso, mesmo quando a incerteza é baixa, os perigos da articulação de estratégias ainda devem ser reconhecidos. As estratégias explícitas servem para focar a direção e bloqueiam a visão periférica. Com isso, podem atrapalhar mudanças de rumo quando estas se tomam necessárias (MINTZBERG, 2000). Assim, embora os estrategistas estejam seguros agora, não podem estar seguros para sempre. Quanto mais claramente articulada a estratégia, mais profundamente ela se internaliza nos hábitos da organização e nas mentes dos seus estrategistas. Evidências dos laboratórios de psicologia cognitiva sinalizam que a articulação de uma estratégia - o simples fato de uma pessoa falar a respeito do que irá fazer - já a fixa, alimentando uma resistência a mudanças posteriores (Kiesler, 1971). Resumindo: é certo que as estratégias quase sempre precisam ser tornadas explícitas, para fins de investigação, coordenação e suporte. As perguntas são: quando, como e quando não? 

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